Saturday, August 24, 2002

Será que minha rabugice anual pré-28 de agosto vai acontecer em 2002? Porque eu fico muito reflexiva antes do meu aniversário, não sei o motivo exatamente. Quer dizer, sei, é aquela percepção ainda mais forte de que o tempo passa...

Na verdade, nem há muita razão para isso. A única grande desvantagem é que eu não posso mais esquecer a carteirinha da faculdade quando for ao cinema, porque vou deixar de ser "menor de 21". Sendo assim, a minha carteira de identidade nem tem mais tanta serventia...

Agora estou dando uma pausa nos textos da faculdade, me permitindo pensar em outras coisas, várias, todas, se possível. O caos é generativo...

Cinema que eu não vou faz um tempão, livros que quero ler, lugares que desejo conhecer, projetos para serem realizados, pessoas queridas para visitar, vinho, música...

Rocha que Voa e Enigma; Ensaio Sobre a Cegueira e O Amor nos Tempos do Cólera; Ilha do Mel, Malásia, Fernando de Noronha, Praga (na primavera...), Amalfi, Sicília (Catania principalmente). Cursar cinema e estudar na Fabbrica de Oliviero Toscani. Tiazinha Dirce, Claudia D'Andrea, Zé C., e, se eu pudesse, Andréa, Jonh, Rick, Dave, Josefine, Bodil, Tal, Madel, Dan, Michal...

Montepulciano, perchè non? Sarebbe una buggia dire che loro non mi piacianno. Lui e il vino... Che non mi lascianno sola, ma anche non sonno cosí presente per farmi ubriacatta. E questo io voleva...

Faltam quinze minutos para as 3 da manhã de uma sexta-feira. E eu em casa. E acordada. Tenho tanta coisa para fazer, mas tanta... só sei que vou conseguir terminar tudo porque não pode ser diferente. Então, vou dar meu jeito...

Wednesday, August 21, 2002

Como eu ia dizendo, se eu pudesse resumir o dia de hoje em uma palavra, ela seria EQUIVOCO.

Todos temos percepções equivocadas o tempo inteiro. Se eu pudesse resumir o dia de hoje em uma palavra, ela seria E
BLOG INVADIDO POR PETER PAN N.M.A...
HAHAHAHA VIVA A ANARQUIA
BRASIL.....

"Torce e retorce
Procuro mas não vejo
Não sei se era pulga
Ou se era um percevejo"

Monday, August 19, 2002

"O tirano era aquele que depois de ter conhecido várias aventuras e chegado ao auge do poder estava sempre ameaçado de perdê-lo. A irregularidade do destino é característica do personagem do tirano tal como é descrito nos textos gregos da época".
Michel Foucault em A verdade e as formas jurídicas.

Sinto-me, nesse sentido, um pouco tirana. "Aqueles que estão de pé, cuidem-se para não cair".

Sunday, August 18, 2002

Com tudo o que aconteceu, penso menos na questão das metades que não significam nada isoladamente. Mas ainda me preocupa...

A Renata chegou um pouquinho atrasada, mas a tempo de pegar o começo da entrevista.
A primeira foi a Gladys, uma senhora de 72 anos, artista plástica e escritora de livros infantis. Ela mesma faz o desenhos. Apresentou, durante dez anos, um programa na extinta TV Tupi. Chamava-se “Gladys e seus bichinhos”. No momento, além de ter retomado as atividades, se dedicando a um novo livro depois de uma “breve” pausa de 37 anos, também está escrevendo um roteiro para o Gerard Depardieu.
O segundo foi um promotor de justiça. Depois, uma assistente social e, por fim, uma veterinária, vítima de um seqüestro relâmpago no mês passado. Todos eles falaram sobre violência, medo, criminalidade e perspectivas para o futuro. Foi do caramba, saímos os três perplexos com o aprendizado vindo de pessoas que cruzam por nós nas ruas, talvez. E jamais teríamos parado para escutá-las em outra ocasião.
Senti-me muito melhor, humana, respirando de novo, apesar de ainda chocada com tudo o que aconteceu. Bastante, para falar a verdade.

Fui me encontrar com o Mauro, certa de que o dia de gravação estava condenado ao fracasso, devido a essa desordem mental, sentimental e espiritual.
O Mauro está numa fase de questionamentos, acabamos conversando sobre relacionamento, paixão, amor, etc. Foi bom. Concluímos que amor não é aquele sentimento que tem vida útil, data certa para nascer e morrer, mas é o que faz com que as pessoas se abram para a vida e para tudo o que ela tem a oferecer, construindo sempre, novos paradigmas inclusive. É a idéia de não pensar no esgotamento das coisas, mas na transformação constante, um “reciclar” ininterrupto. O amor permite isso.

Coloquei esse texto aí porque ontem, quando o li, achei que traduzia os meus momentos de introspecção. É bem o meu jeito mesmo (que bom que, de alguma forma, eu me assemelho a Vinicius), naqueles dias em que nada pode ser melhor que duas sessões seguidas num sábado à tarde. Pra pensar...

Ao mesmo tempo tenho uma baita necessidade de ver e ouvir pessoas, estar com elas. Tô falando isso porque hoje comecei o dia um pouco pensativa e “umbiguista”, ou seja, supervalorizando meu próprio umbigo. Meu egocentrismo se desmoronou quando minha irmã chegou em casa, com uma notícia bombástica, bem na hora em que eu estava saindo para gravar o documentário.
Preciso registrar que estou sem chão, sentindo que alguns referenciais ruíram, percebendo como nunca determinadas falhas, agora óbvias e, principalmente, com uma incrível necessidade de encontrar respostas.
É como se eu precisasse, a partir de agora, me reinventar e recriar mil conceitos que achei que não mudariam, pelo menos não de forma tão brusca.

“Cinema é para mim (a arte posta de lado) uma evasão formidável. Dificilmente uma fita, por pior que seja, não me interessa e repousa... Essa coisa de ser o cinema uma sucessão de imagens na escuridão é muito importante. A escuridão é um estado altamente sedativo, quando tem a fecundá-la algum princípio luminoso. Um foguinho brilhando na treva, que coisa fascinante! Eu posso ficar olhando um foguinho assim horas esquecidas. Na Inglaterra, quando as saudades do Brasil me batiam – muitas vezes de um modo insuportável –, a minha defesa era sempre essa: ou um cinema ou uma lareira acesa, no quarto às escuras. Cria-se imediatamente uma direção para a vista que é um sentido eminentemente abstracionista, e uma fantasia para a imaginação. O que era saudade fez-se lembrança e o que era lembrança fez-se cinema. No fundo, o cinema é a fecundação da imagem subjetiva pelo primeiro fogo na treva. Poderia ter sido assim, com o homem primitivo…”
Vinicius de Moraes

Tudo tem acontecido rápido demais. Tudo a minha volta, o mundo parece estar girando num ritmo alucinado. O blog me ajuda a perceber melhor isso, porque o que eu gostaria de escrever num momento, pode vir a perder o sentido minutos depois....

Decidi fugir para cá...