Monday, September 09, 2002

Isso é muito bom! Esses russos me surpreendem... Me faz lembrar que preciso ler Crime e Castigo...

Na primeira noite
Eles se aproximam
E colhem uma Flor
Do nosso jardim
E não dizemos nada.

Na segunda noite,
Já não se escondem:
Pisam as flores
Matam nosso cão,
E não dizemos nada.

Até que um dia
O mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a lua e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta
E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada.


Maiakóvski

Chi vivvrà, vedrà...

O quê está acontecendo? Nada...
E por isso é uma espécie de cegueira branca, de ensaio experimental sobre a minha propriedade de tatear às claras. A minha.

Já sinto-me melhor... Bom dizer isso numa segunda-feira, que me parece linda depois do domingo que tive. Tudo junto... Tudo e mais esse animal me devorando por dentro...

Sunday, September 08, 2002

Recebi um e-mail do Tchenheimer. Ele disse que ficou um pouco triste lendo meu blog, por ver que nossas vidas estão pouco conectadas no momento.

"visitei seu blog, e achei um barato! me senti um pouco triste, ao perceber
que nossos mundos andam meio distantes. tantas coisas importantes têm
acontecido, pra nós dois, e a gente nem fica sabendo... mas daqui a duas
semanas, estaremos comendo uma pizza, contando as novidades e demais
papos-furados, e diminuindo distâncias, ok?"


Tchenheimer, num se preocupa não. Quando você voltar a gente resolve isso. Fácil, fácil. Porque, nesses 10 anos, em vários momentos, poderíamos ter nos afastado um do outro. Até brigar já brigamos. Se não aconteceu, não acontece nunca mais...
Aliás, eu lembro que uma vez (22 de agosto de 95. Era aniversário de Magno, por isso lembro. Todo mundo foi pra festa, eu fiquei para trás porque tinha que passar na sua casa antes, você estava precisando conversar. Minha memória não deve ser mais a mesma, a idade vai chegando... Mas ainda dá para o gasto...) você disse que queria que a Sara fosse como eu... Daí em diante, asssumi a minha responsabilidade de irmã mais nova. Agora, meu filho, nem se você for pra Sibéria eu te largo!

Comecei a ler Ensaio sobre a cegueira ontem. Estou na página 130, achando maravilhoso, orgasmático o jeito do Saramago escrever. E tem me feito refletir...

"Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira" ?